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segunda-feira, 16 de abril de 2018
Logo ao nascer, a criança é tomada por algo ainda muito impreciso, que tenta se organizar através de sensações estranhas e angustiantes, mas tende se abrandar, ao menos por algumas horas, em face de um primeiro laço afetivo que se vincula a satisfação da fome. Sua mãe! Eis a explicação mais plausível para um sofrimento psíquico e fisiológico tão intenso, presumirá esse ser humano tão recém chegado ao mundo, pois faltava-lhe apenas aquele contato e ele estaria completo. Diria Freud que aquela sensação de prazer ao degustar o leite tão esperado ao sabor do afeto materno, produziria em seu rudimentar psiquismo, um traço mnêmico de satisfação, ou seja, lhe marcaria para sempre, de modo que sua pulsão (impulso que visa o prazer e a autoconservação), tenderia a uma constante repetição em busca de sua primeira sensação de prazer. Esse bebê estará chorando logo mais, em busca de novo leite, afeto e satisfação.
Essa primeira falta não cessará ao longo da vida, embora possamos colecionar conquistas materiais e simbólicas, pois ela nos move em direção ao inatingível, ou como diria a psicanálise, ao objeto perdido, uma vez que o objeto do desejo se desloca a medida que se alcança qualquer objetivo esperado. Mas o que desejamos afinal? Dinheiro, reconhecimento, vida longa, realização profissional? Qualquer resposta parece refutável, posto o fato de que estamos no século mais rico e produtivo da história humana, além de ser o que mais gerou conquistas sociais avidamente aguardadas, entretanto, é o período onde se verifica o maior consumo de ansiolíticos e anti-depressívos. Os transtornos de ansiedade se multiplicam a passos largos e as síndromes depressivas, quando não são tão evidentes para o sujeito que sofre, são encobertas por hábitos ou vícios que sustentam a angustia não nomeada por ele. É o momento que o desamparo existencial produz sintomas psíquicos e somáticos.
“Só mais um copinho”, dirá o abusador de álcool, sabendo inconscientemente que não parará tão cedo, assim como o tabagista não se confessa viciado, mesmo fumando dois maços ao dia. Alguns prometem, em vão, parar na semana que vem. Os Johnnie walkers, cassinos, cigarros ou promiscuidades sexuais regem a vida psíquica dos adictos, como intitula a nova psiquiatria, sendo a retirada desse elemento primordial ( a compulsão), a derrocada desse sujeito que não aprendeu a lidar com a falta. A diversidade gastronômica é, também, um apelo irresistível aos ansiosos, que tentam preencher com a comida, aquilo que carece do simbólico, embora o excessivo culto ao corpo obrigue os magros a se angustiar pelo excesso de dietas desestruturantes. Não é de se estranhar que o bulímico vomite o que não lhe preenche de significado e a anorexa, que se excede patologicamente ao se abster de comida, ignorem a falta que se faz presente em ambos os casos. Um dos grandes maestros desse desarranjo é a atual cultura ocidental da felicidade, ao projetar no mundo a fórmula da completude, em detrimento do sujeito, desde muito cedo, estruturado pela falta. Este desamparo merece uma atenção individual!
Por Leonardo Queiroz - Psicólogo Clínico CRP: 03/IP16854
domingo, 15 de abril de 2018
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Atendimento criança, adolescente, adulto e idoso. |
"Somos seres desejantes destinados a incompletude e é isso que nos faz caminhar".
O desenvolvimento humano em seu aspecto ontogenético, ou seja, referente a cada indivíduo em particular ( não entraremos na noção de espécie), varia de um contexto para o outro desde a gestação do embrião até a morte do sujeito na velhice.
Esta variação, apesar de demonstrar o abismo existente entre as pessoas, no tocante às configurações biológicas e psíquicas, não exclui o único ponto que há em comum entre todas elas, a sensação de desequilíbrio em relação ao mundo ao seu redor.
O Big Bang do nascimento transforma o aconchego equilibrado do útero em uma experiência dolorosa de aprender a sobreviver num ambiente externo pré-existente e cheio de regras, as quais parecem estranhas e desprovidas de sentido a um organismo ainda selvagem, com instintos e pulsões à flor da pele.
Vê-se então a busca pela satisfação e apenas isso, pois ainda não é cabível a introdução da cultura e da civilização, noção que mais tarde se somará como fonte de mal estar, frente a esses primeiros desejos e a todos os outros que elas são incompatíveis.
A maturação neurológica para que, no mínimo, se possa arriscar os primeiros passos rumo ao desconhecido e quem sabe até, adquirir linguagem para criar outros e laços, se torna uma questão de vida ou morte, enquanto a possibilidade de separar-se da mãe ainda parece uma tortura e isso para alguns nunca deixará de sê-lo.
Estamos falando da angústia de separação e é ela o elemento capaz de favorecer uma autonomia na maneira como se aprende e se apreende o mundo, levando-se em conta a presença ou ausência da mãe como porto seguro em suas investidas, construindo também na criança, a capacidade em lidar com as perdas.
A mãe ainda representa o elo mais forte para criança em desenvolvimento cognitivo e maturação emocional, ainda que a ideia de equilíbrio intra-uterino já tenha caído por terra nessas alturas. Arrastar a mãe consigo ou deixar-se arrastar por ela na tentativa de construir um novo lugar seguro para viver, como posição subjetiva, é um comportamento natural e esta mãe será substituída inúmeras vezes ao longo da vida, ora por outras pessoas, ora por um conjunto de coisas ou de crenças, ainda projetada inconscientemente.
Por Leonardo Gomes Queiroz - Psicólogo Clínico CRP 03/IP16854
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